sábado, 18 de setembro de 2021

Moura na rota dos FW200 … [M2270 - 58/2021]

 



Já aqui falei de Aljezur, local de uma batalha aérea da 2ª Grande Guerra, mas esse é apenas um de três locais onde podemos encontrar sepulturas de guerra de alemães, que fazem parte das sepulturas da responsabilidade da Volksbund
É em Moura, dizem os livros escritos com o fogo da História, que existem seis sepulturas, resultantes de um acidente aéreo, mas por aquelas paragens do Alentejo profundo houve mais histórias deste período que envolveram não só a tripulação sepultada no cemitério municipal, como outras.


Em 1941, a 9 de Fevereiro, antes das 8 da noite, aterra de emergência nos arredores de Moura, mais precisamente na Herdade de Santa Marta, um Focke-Wulf Fw200 C-1 Condor (Werk Nr. 0003 “F8+DK”), do II/KG.40. Fazia parte de uma força de cinco aparelhos, apoiados por submarinos, que atacou um comboio naval aliado (HG53) que se dirigia de Gibraltar para Liverpool, aproximadamente a 160 milhas SW do Cabo de S. Vicente. Tentaram a aterragem de emergência, já que no ataque sofreram danos nos depósitos de combustível, já não conseguindo regressar à sua base de origem, em Bordéus-Merignac
Observado por diversas testemunhas, a tripulação de seis elementos, que saiu ilesa da aterragem, ainda chegaram fogo ao aparelho, no intuito de o destruir, o que aconteceu a boa parte da fuselagem. Fugiram rumo à fronteira com Espanha, trajando à civil e foram detidos no dia seguinte. Alojados no Grande Hotel, em Moura, sob vigilância policial, acabaram por fugir outra ainda assim, dois dias depois não sendo capturados.
A tripulação era composta por, 
                                    Oberleutanant    Erich Adam (Comandante) 
                                    Oberleutenant    Erich Grasberger 
                                    Unteroffizier      Paul Hecht 
                                    Oberfeldwebel   Dietrich Gropp 
                                    Unteroffizier      Kurt Dreier, 
                                    Unteroffizier      Herbert Pluntke.
 

Duas fotos muito conhecidas e acessíveis por diversas plataformas, mostram-nos o 
FW200 com a parte principal da fuselagem severamente destruída.

Nota do autor - pouco tempo depois da publicação deste artigo, surgiram novas fotos, que são incluídas no final do mesmo.



Mas o principal apontamento histórico que nos trás aqui hoje é o que teve lugar por volta das três da madrugada do dia 15 de Junho de 1941, quando se dá o despenhamento, já em chamas, do Focke-Wulf FW200 C3 Condor (Werk Nr. 0061), do 3/KG.40 (Kampfgeswader 40), também baseado em Bordeus-Merignac. Nele perderam a vida os seus seis tripulantes, que se encontram sepultados no cemitério de Moura.

    Oberleutnant        Erich Westermann        (geb. 16.11.1911  gest 15.06.1941) [1]
    Obergefreiter Günther Kunert            (geb. 10.08.1919  gest 15.06.1941)
    Ofw                      Gerhard Singer            
    Oberfeldwebel     Walter Reisser             (geb. 30.06.1911  gest 15.06.1941)
    Gefreiter         Erwin Hildenbrand      (geb. 25.05.1920  gest 15.06.1941)
    Unteroffizier        Fritz Grotstollen          (geb. 16.11.1917  gest 15.06.1941)

    [1] - este túmulo tem uma lápide adicional, em mármore preta, com o símbolo da cruz de ferro, e a inscrição 
“Obltn. U. Staffelkapitän E. Westermann + 16.11.1941 gef. 15.06.1941”


O aparelho foi visto a voar baixo com todos os motores em pane, despenhou-se na Herdade da Tapada, na Amareleja, quando tentava uma aterragem de emergência, sem sucesso, não havendo porém certezas se não terá havido combate aéreo com aeronaves inglesas, oriundas por exemplo, de Gibraltar, como era muitas vezes o caso.
Os restos mortais foram recolhidos  no hospital e depois, já nas urnas, foram para a igreja de Moura, onde foram velados até à realização do funeral.




  Quatro fotografias dos acervos municipais, sobejamente conhecidas do acidente e, também, 
dos caixões a serem velados até ao funeral, bem como uma imagem de um dos  túmulos no 
cemitério de Moura.


Em visita efectuada em 2020, precisamente no dia em que se comemorava o Armistício, pude recolher algumas imagens das sete sepulturas. Desconheço se neste caso, também aqui, são efectuadas cerimónias integradas no Dia da Memória (“Volkstrauentag”).
 
 




Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de Aviação

Nota – O autor não escreve segundo o actual acordo ortográfico.

Artigo publicado a 18/9/2021, revisto a 22/9/2021.




Agradecimentos: Carlos Guerreiro; Manuel Cascalheira; João Calado;

Agradecimentos adicionais ao António Conceição e Silva, pela cedência das fotos da sua coleção,  referentes ao acidente de 9 de Fevereiro de 1941, publicadas no final do artigo.


Sítios "Volksbund" em Portugal





Referências:

https://arquivo.cm-vidigueira.pt/viewer?id=111390&FileID=254211
 
https://portalclassicos.com/foruns/index.php?threads/hist%C3%B3rias-de-avi%C3%B5es-da-ii-guerra-mundial-no-baixo-alentej.5079/
 
https://journals.openedition.org/lerhistoria/2593?lang=fr
 
https://arquivo.cm-moura.pt/catalog
 
http://asasdeferro.blogspot.com/2015/06/focke-wulf-fw-200-condor.html
 
https://arquivo.cm-moura.pt/details?id=21647




















 
 

5 comentários:

  1. Muito interessante. Obrigado por mais uma bela reportagem.

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  2. Muito obrigado.
    A reportagem é uma leitura extremamente interessante.

    Um abraço

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  3. Helder Manuel de Barros Ralha Afonso23 de setembro de 2021 às 07:48

    Obrigado Rui, como sempre a investigar novos factos deveras interessantes. Continua…
    Um forte abraço,

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  4. Boa divulgação mas apenas uma pequena correcção: O FW-200 F8+DK que aterrou em 9 de Fevereiro de 1941 fê-lo junto a Moura (a cerca de 3km) e não perto da Amareleja.

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  5. Obrigado a todos pelos comentários e ao João Calado, pelo reparo (já corrigi).

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