sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

FORÇA AÉREA ENCERRA O ANO A SOBREVOAR CAPITAIS DE DISTRITO [M2368 - 84/2022]


Passagem de F-16 pelo aeroporto Cristiano Ronaldo no Funchal    Fotos: Alexandre Maio

A Força Aérea irá encerrar o ano de 2022 a sobrevoar as capitais de distrito de Portugal Continental, aproveitando um voo de manutenção de qualificações de voo dos seus militares, para desejar a todos os Portugueses "boas festas e uma excelente descolagem para 2023", convidando ainda o público a partilhar as imagens conseguidas.

As passagens serão realizadas por uma parelha de caças F-16M no sábado, 31 de Dezembro, com o seguinte horário:

- Coimbra – 11H05

- Aveiro – 11H10

- Porto – 11H17

- Viana do Castelo – 11H22

- Braga – 11H25

- Bragança – 11H40

- Vila Real – 11H50

- Viseu – 11H56

- Guarda – 12H01

- Castelo Branco – 12H09

- Portalegre – 12H15

- Évora – 12H25

- Beja – 12H30

- Faro – 12H41

- Sines – 12H50

- Setúbal – 13H06

- Lisboa – 13H15

- Santarém – 13H21

- Leiria – 13H28


A Força Aérea ressalva contudo, que as horas indicadas são uma previsão, podendo sofrer alterações dependentes de eventuais ajustes de rota, estando também a realização dos voos dependente das condições meteorológicas.

Idêntica iniciativa foi já realizada no dia 29 de Dezembro, no arquipélago da Madeira, da qual mostramos as imagens então captadas no aeroporto do Funchal (fotos) e Porto Santo (vídeo abaixo).


O Pássaro de Ferro aproveita a ocasião para agradecer aos seus leitores a preferência e desejar um Feliz Ano de 2023. 


Agradecimentos: Paulo Brito e Alexandre Maio


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

F-16 ROMENOS PELA PRIMEIRA VEZ NO POLICIAMENTO DO BÁLTICO [M2367 - 83/2022]

F-16M da Fortele Aeriene Romane

No período de Abril-Julho de 2023, a Força Aérea Romena irá participar no Policiamento Aéreo do Báltico aumentado, a partir da Lituânia, mais concretamente da Base Aérea de Siauliai. 

O destacamento romeno será composto quatro caças F-16M Fighting Falcon e um contingente de aproximadamente 100 militares, que estão atualmente a realizar atividades de preparação específicas para executar a missão, segundo informou o Estado-Maior da Força Aérea Romeno.

A única vez que a Roménia realizou esta missão anteriormente, foi no período de 1 de Agosto a 31 de Outubro de 2007, com MiG-21 LanceR, sendo por isso a primeira vez que irá participar com caças F-16. Curiosamente, em 2007, os MiG-21 romenos foram então rendidos por F-16 da Força Aérea Portuguesa. Uma vez que a Roménia adquiriu a sua frota de F-16 a Portugal, é possível que alguns dos aviões da FAP que realizaram o patrulhamento do Báltico (depois de 2007 Portugal já desempenhou esta missão por quatro vezes mais) venham a patrulhar novamente o Báltico, mas com cores romenas.

O F-16AM com matrícula 15121 foi um dos destacados em 2007 no Báltico, que posteriormente foi vendido à Roménia    Foto: FAP

O ex-FAP 15121 recebeu a matrícula 1601 na FA Romena 

Na sequência da invasão da Crimeia pela Rússia, em 2014, a NATO aumentou os meios atribuídos às missões de policiamento aéreo no Báltico, Polónia e Roménia, tendo particular relevância nos países que não têm meios próprios para realizar essa missão de soberania (Lituânia, Letónia e Estónia).



 

sábado, 17 de dezembro de 2022

CENTENÁRIO DA HOMENAGEM DOS FERROVIÁRIOS A GAGO COUTINHO E SACADURA CABRAL [M2366 - 82/2022]

Quase sempre arredada do centralismo generalizado que afecta, também a nossa aviação, a Mui Nobre Sempre Leal e Invicta cidade do Porto recebeu numa das suas mais belas salas de visita  uma representação da Comissão Aeronaval 100TAAS, numa das derradeiras actividades de um vasto programa que comemora o centenário da Travessia Aérea do Atlântico Sul (TAAS).

Com efeito, no pretérito dia 7 de Dezembro de 2022, a Estação Ferroviária de S. Bento, foi palco do descerrada uma lápide que comemora o Centenário da Homenagem dos Ferroviários a Gago Coutinho e Sacadura Cabral, uma cerimónia organizada pela IP Infraestruturas de Portugal e Força Aérea Portuguesa para as comemorações do Centenário da Travessia Aérea do Atlântico Sul (100TAAS).

A cerimónia, singela, mas cheia de pompa e circunstância como lhe é próprio, iniciou-se com um discurso por parte do Tenente-General Rafael Martins, da Comissão Aeronaval 100TAAS e Presidente da Comissão Histórico-Cultural da Força Aérea, seguido do Sr. Manuel Novaes Cabral, Presidente da Fundação do Museu Nacional Ferroviário.

No seu discurso, o Tenente-General Rafael Martins, começou por enaltecer o espaço, nomeadamente os painéis de azulejaria, da autoria do pintor Jorge Colaço, cuja « iconografia de grande parte dos painéis alusiva a momentos ou personagens marcantes da nossa história, consideraram os ferroviários do Minho e Douro, que a magnitude do feito glorioso da travessia aérea de 1922 deveria ficar registrado neste espaço. E ficou!»

Acrescentou ainda que « A Comissão Aeronaval, e a Infraestruturas de Portugal congratulam-se pela oportunidade de fixar a placa alusiva às comemorações do centenário dessa aventura aérea, contribuindo para divulgar, aplaudir e reavivar um feito maior da história da aviação Portuguesa, projetando, continuamente a mensagem e os valores dos marinheiros e aviadores que souberam sobressair entre os demais através do engenho, conhecimento científico, incansável trabalho, ousadia e muita coragem».

Após o descerramento de lápide alusiva, seguiu-se a visita das entidades à exposição fotográfica (que permanecerá no local até à semana anterior ao Natal) alusiva à TAAS, e um Porto de Honra oferecido pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

Como se não bastasse este movimento nada normal neste monumento da Invicta, que suscitou muita curiosidade de quem por ali andava, entre gentes Tripeiras e os “camones”, a Banda de Música da Força Aérea Portuguesa, municiada com o seu “Engenho e Arte“ fez literalmente parar tudo e todos para assistir à sua actuação!

À tarde realizou-se uma Sessão Solene na Reitoria da Universidade do Porto em Homenagem a Gago Coutinho e Sacadura Cabral, Doutores Honoris Causa por esta Universidade. À noite, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, a Banda de Música da Força Aérea, num programa muito interessante, fez as delícias de todos os presentes.


Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de aviação



Nota: O autor do texto/reportagem escreve na grafia antiga.

Agradecimentos: Ten Gen António Mimoso e Carvalho, Ten Gen Rafael Martins, Eng. Francisco Piqueiro







sábado, 10 de dezembro de 2022

VIAGENS, MUSEUS, AVIÕES e BEAUFIGHTERS INTERDICTUS… [Parte 2] [M2365 - 81/2022]




Na sequência do meu escrito anterior, e mais perto do final do ano, visitei pela primeira vez a secção do Museu da Royal Air Force que fica nos arredores de Londres, em Hendon, local onde me desloquei, também aqui, na busca de outro dos nossos Beaufighter.
Instalado em parte das antigas estruturas da base RAF Hendon, mantém um conjunto de estruturas históricas, algumas que remontam ainda ao primeiro aeródromo da cidade, o Hendon Aerodrome, edifício e hangar onde se localiza uma parte da exposição [1].
Todo o conjunto, resultante de fases diferentes do crescimento deste espaço museológico, pretende transmitir a quem visita, não só o testemunho histórico daquele que foi o papel da RAF ao longo da história, desde a Grande Guerra de 1914-1918, cobrindo todas as subsequentes décadas do século XX, rumo a um presente e futuro em que a arma aérea é forçada a estar em contante alteração, reagindo e antecipando até se possível todos vectores que a influenciam sejam eles, políticos, económicos, tecnológicos, ambientais.

Da visita que fiz, aqui também, destaco fotograficamente algumas das aeronaves que me por diversas razões me chamaram à atenção.

“Conhecer a RAF”, é o objectivo desta exposição que versa sobre os últimos 100 anos da Royal Air Force, onde o passado e o presente se misturam.
O primeiro hangar do Museu inclui um conjunto muito vasto de equipamentos interactivos destinado a levar as camadas mais jovens, através de um conjunto de experiências, a despertar interesse nas diferentes áreas de influência da RAF, desde o voo às áreas técnicas da guerra moderna.
O avião de maior dimensão da exposição, um Shorts Sunderland MR.5 que ocupa uma parte muito significativa do hangar. Podendo aceder ao seu interior, pareceu, por breves instantes, que tinha mingado e estava no Portugal dos Pequenitos!
Este exemplar do Sopwith Triplane, o primeiro triplano a ser utilizado operacionalmente na Grande Guerra, foi construído em 1917, mas este que aqui está não voou em combate. É o único original ainda em existência em Inglaterra.
Uma magnífica réplica voável de um Albatros D.Va construída na Nova Zelândia em 2011, utilizando um motor original Mercedes D.III. Representa um dos aparelhos da Jasta 61, operados na frente Oeste em 1918. Voou por diversas vezes na Nova Zelândia e em Inglaterra durante 2012.
Um Royal Aircraft Factory R.E.8 nas cores do 9th Squadron, também ele é uma réplica voável deste avião de reconhecimento e guiamento de peças de artilharia, foi igualmente construído na Nova Zelândia, utilizando algumas peças originais existentes na colecção do museu.
Um Caudron G.3 originalmente da Força Aérea Belga, em tudo semelhante aos que aqui mesmo, em Hendon, voaram Óscar Monteiro Torres, António Sousa Maia e Alberto Lello Portela [1].
O hangar 6 do museu, tem por tema a “RAF na Era da Incerteza”, e cobre os últimos conflitos armados, como a Guerra Fria (1946 - 1991), Falklands (1982), Guerra do Golfo (1990-1991), Balcãs (1991-1999), Afeganistão (2001 – 2014), Iraque (2003-2011), Líbia (2011).
Um Hawker Siddeley Bucanner S.2B da RAF, nas cores da Guerra do Golfo (1990-91), onde participaram integrados na Operation ‘Granby’. Distintivo pela sua camuflagem “desert pink” mas também pelas suas mission markings e “pin up” …
Não sei bem como legendar esta foto … gosto muito de cerveja Guiness?
Este Hawker Siddeley Harrier GR.9A, participou em alguns desses conflitos, como a Guerra do Golfo, e no Afeganistão, para nomear alguns.
No hangar 3, 4 e 5 está uma das partes da coleção que mais gosto, e que integra muitos aparelhos do acervo do período da Segunda Grande Guerra, como este Curtiss Kitty Hawk IV.
Com um restauro ainda longe da conclusão, este Supermarine Southampton I, é já um aparelho impressionante de ver.
O “nosso” Bristol Beaufighter TF.X (reg. RD253; Aeronáutica Naval BF-13), é um de dois com uma história no mínimo curiosa [2], e que era o objectivo, se assim se pode dizer, da minha vinda aqui. No total recebemos 17, operados por um período curto pela nossa Aeronáutica Naval.
O Supermarine Stranraer da colecção do museu, um belíssimo representante de uma época em que os hidroaviões ou os aviões-barco eram muito comuns. Trata-se este de um de 40 aparelhos construídos no Canadá pela Canadian Vickers, e que serviu na Royal Canadian Air Force.


O Sikorsky R -4B / Hoverfly MK.1 foi o primeiro tipo de helicóptero operado pela RAF em meados dos anos 40, até ao início dos anos 50.
Um Westland Belvedere HC.1 foi o único helicóptero de rotor em tandem de construção inglesa, viu serviço operacional entre os finais dos anos 50 e finais dos anos 60.

Um de dois Westland Wessex HCC.4, a versão VIP do HC.2 desenvolvida para o Queen’s Flight. Este [XV732] voou pela primeira vez a 17 de Março de 1969, sendo a sua primeira missão oficial a 1 de Julho de 1969 em apoio à cerimónia de investidura do Principe de Gales, actual Rei Carlos III. Foi retirado de serviço em 1998.

Com mais de 30.000 unidades produzidas, o Messerschmitt Bf109 E-3 foi o caça por excelência da Luftwaffe na Segunda Grande Guerra. Este aparelho [WNr4101/2./JG 51, Schwarze 12] aterrou de emergência na base de RAF Manson a 27 de Novembro de 1940. Foi um dos (muitos) que participou no filme a Batalha de Inglaterra (1969).
O FIAT CR.42 Falco, foi um dos últimos biplanos de caça a ser construído durante a Segunda Grande Guerra. Este aparelho da Regia Aeronautica Italiana integrou o conjunto de forças que a partir da Bélgica efectuaram operações de escolta aos bombardeiros italianos sobre Inglaterra. Este em particular, durante uma operação em Novembro de 1940, efectuou uma aterragem de emergência, por avaria, na praia de Orfordness, em Suffolk. 
Lindíssimo este Messerschmitt Bf-110 G-4 (caça nocturno), com as suas estranhas antenas de radar, foi capturado em 1945 na Dinamarca.
Um dos tipos de aviões que equiparam a Arma de Aeronáutica do Exército Português, este Westland Lysander III, com um esquema de pintura empregue em operações de reconhecimento nocturno ou as “missões especiais”, por detrás do território inimigo.
Pormenor da secção de cabine de um Handley Page Victor K.2, que participou na Guerra do Golfo, ostentando diversas mission markings, e uma pin-up … (suspiro)
Um outro avião que gostei muito de ver ao vivo e a cores foi este De Havilland DH.98 Mosquito B.35, o “Wood Wonder”, fez de tudo um pouco na Segunda Grande Guerra, como caça/bombardeiro nocturno e diurno, avião de ataque em ambiente marítimo, reconhecimento aéreo, entre outras missões.
Surpreendente ver, por todos os espaços do museu, foi não só o movimento de aviões, desmontados aqui e ali, a partir ou a chegar para/de outros lugares, assim como vemos aparelhos, ou partes, da forma como os encontraram algures no tempo e, em restauro, a ser feito no lugar, ou … não.  É o caso deste um Handley Page Halifax B.Mk.II [W1048], que “desapareceu” a 27 de Abril de 1942, durante uma missão de bombardeamento ao couraçado alemão Tirpitz, ancorado na Noruega. Durante a missão é atingido pelo fogo antiaéreo e o piloto consegue efectuar uma aterragem de emergência num lago gelado, salvando-se toda a tripulação. O avião afunda e “desaparece” até que no início dos anos 70 é resgatado do fundo do lago. Está exposto intencionalmente desta forma, desde os finais da mesma década, como tributo às tripulações de bombardeiros da Segunda Grande Guerra.

Quem se lembra do kit da Airfix, o RAF Recovery Set? Também fiz um! Aqui está um à escala 1:1, com um Avro Anson.
Outro peso-pesado da exposição, um Consolidated B-24L Liberator, que ainda viu serviço operacional durante os últimos anos da Segunda Grande Guerra, integrou a Força Aérea da India. Curiosamente, tivesse passado por aqui na semana seguinte, tinha visto um Yokosuka Ohka, um Kawasaki Ki-100, e até um Mitsubishi Ki-46 'Dinah' … ...lá vou eu ter de aqui voltar!
Por fim, deixo-vos com este impressionante Avro Lancaster Mk.I, contou com um registo de 137 missões de bombardeamento! Mas não só, já que depois do conflito participou ainda no repatriamento de prisioneiros de guerra e no apoio com bens alimentares. 



Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de aviação
  

Notas:
[1] – Hendon é um espaço que, também faz parte da história da Aviação Militar Portuguesa, recentemente muito bem escrita pela pena de Augusto Moura, no livro A Aviação Militar Portuguesa durante a 1ª Grande Guerra, da Fronteira do Caos Editores. Nele é referida a ida no início de 1916 para o Reino Unido de alguns militares Lusos para aí frequentarem os seus cursos de pilotagem, elementar e de combate, nas escolas do Royal Flying Corps (RFC). Curiosamente, a primeira fase do curso, elementar, por força da reduzida capacidade de treinar tantos pilotos pelo RFC, tal era o esforço de guerra, foram treinados em Hendon, na Ruffy-Baumann School of Flying onde obtiveram os seus certificados do Royal Aero Club os pilotos: Óscar Monteiro Torres, António Sousa Maia e Alberto Lelo Portela. A fase militar do curso foi ministrada na Escola Militar da RFC no aeródromo de Northolt.

[2] – Este Beaufighter é um de dois que tem uma história muito curiosa, já que tiveram uma permanência de alguns anos no Instituto Superior Técnico em Lisboa e os motores trabalhavam e tudo! Consultar a página dedicada em: 






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