Helicópteros NH90 do Exército alemão em Tancos no exercício Hot Blade 2018. O Exército português nunca chegaria a receber nenhum dos dez helicópteros do mesmo modelo encomendados para a UALE |
Segundo noticia o Expresso na sua edição de hoje 10 de Fevereiro de 2023, a revisão da Lei de Programação Militar (LPM) já aprovada no Conselho Superior de Defesa Nacional, prevê a atribuição de helicópteros para uso do Exército.
Recordamos que o contrato dos helicópteros NH90 destinados à Unidade de Aviação Ligeira do Exército (UALE), foi cancelado em 2012 pelo executivo de então, bem como o objectivo do ramo terrestre das Forças Armadas em ter aeronaves próprias, face à crise económica em que o país mergulhou.
Mais tarde, já em 2019, a LPM passou a contemplar a aquisição de "helicópteros evacuativos", ditada principalmente pelas necessidades das Forças Nacionais Destacadas em África, com uma provisão de 53M EUR e supostamente destinados à Força Aérea, mas cujo concurso, ou compra, nunca chegaria a concretizar-se, por entre indecisões e desacordos relativamente às características dos helicópteros a adquirir.
Mais recentemente, a 11 de Outubro de 2022, o deputado do PCP João Dias em Comissão de Defesa Nacional, expressou a sua preocupação à ministra da Defesa, Helena Carreiras, pela possível sobreposição de meios aéreos do Exército, com a Força Aérea e Proteção Civil, baseando-se no despacho por ela assinado, que admitia o regresso das asas rotativas ao Exército. Helena Carreiras respondeu que o referido despacho se destinava exactamente à avaliação dessa possibilidade, mas que não era então ainda um dado adquirido, estando dependente do resultado da mesma avaliação.
À luz da recente notícia veiculada pelo Expresso, esta possibilidade parece assim vir a concretizar-se, restando saber agora se será mesmo desta vez que o Exército vai ganhar asas (rotativas).
Recordamos que ao longo das três últimas décadas, já por duas vezes o Exército teve helicópteros encomendados, primeiro com EC635 e depois com os referidos NH90. Mas depois de muitos milhões de Euros desperdiçados, nem Exército nem Força Aérea chegariam a recebê-los.
Ironicamente, há contudo a referir que os NH90, além de um preço de aquisição extremamente elevado, têm apresentado dificuldades de toda a ordem aos seus utilizadores, que estão a levar inclusivamente à retirada de serviço antecipada em vários países, depois de poucos anos de vida operacional. Pelo que, apesar das verbas desperdiçadas com o cancelamento do contrato dos NH90 em 2012, apresenta-se agora a possibilidade ao Estado Português de "emendar a mão" e adquirir um modelo mais fiável e adequado às necessidades nacionais.
Fica por saber igualmente, como será feita a dotação de meios técnicos e humanos para a operação dos helicópteros, dado que a UALE foi extinta em 2015. E de igual modo, a dotação orçamental para a aquisição das aeronaves, uma vez que a anterior verba de 53M EUR sempre pareceu curta para a aquisição de meios adequados a uma missão de carácter táctico, como sejam os "helicópteros evacuativos".
Aguardemos pela divulgação da LPM.
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