quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

CIRRUS PARA A FORÇA AÉREA E BLACK HAWK PARA O EXÉRCITO [M2589 - 13/2025 ]

Cirrus SR22T     Ilustração: Cirrus

Na audição do ministro da Defesa na Comissão de Defesa Nacional ontem, 25 de fevereiro de 2025, Nuno Melo revelou a compra de  aviões de instrução Cirrus para a Força Aérea e helicópteros Black Hawk para o Exército.

E se os modelos eleitos para os respetivos programas de (re)apetrechamento destes dois ramos das Forças Armadas Portuguesas eram já algo esperados e até comentados, as quantidades anunciadas foram algo surpreendentes, bem como alguns dos valores envolvidos.

Por exemplo doze aviões de instrução básica Cirrus, revelados pelo titular da pasta da Defesa, para substituir os vetustos Chipmunk, por 7,3M EUR, são uma quantidade consideravelmente superior aos sete exemplares inscritos no Caderno de Encargos do programa de aquisição.

Helicóptero de combate UH-60 Black Hawk

Nuno Melo acrescentou ainda que os "cinco Black Hawk para o Exército" custarão 50M EUR, quando o Despacho que autoriza a aquisição de helicópteros de apoio, proteção e evacuação para o Exército Português menciona 40,9M EUR e a quantidade anteriormente anunciada era de quatro helicópteros (3+1 opção). Por outro lado, a verba inicialmente inscrita na Lei de Programação Militar (LPM) para este programa, era de facto de 53M EUR, um valor mais próximo do agora ventilado pelo ministro da Defesa.

Note-se que estes Black Hawk não estão relacionados com os já adquiridos para a Força Aérea, para o combate a incêndios florestais e missões de proteção civil.

Contudo, dada a discrepância de alguns destes dados, com os valores e quantidades anteriormente inscritos nos respetivos programas, os dados agora revelados carecem de confirmação na documentação que oficializa estas aquisições, bem seja publicada. Nuno Melo adiantou no entanto, que algumas compras estão a ser realizadas com verbas da LPM, enquanto outras não, o que poderá explicar algumas das alterações.

Em resposta a pergunta do deputado Nelson Brito do PS, o ministro da Defesa esclareceu ainda que a decisão de mudar o atual Campo de Tiro da Força Aérea para os concelhos de Mértola e Serpa, devido à previsível construção do novo aeroporto de Lisboa nos terrenos do atual Campo de Tiro dito de Alcochete, ainda não está tomada, apesar dos estudos que indicavam a sua nova localização nos concelhos do Baixo Alentejo, e que transitaram do anterior Governo.

De igual modo adiantou que do investimento de 200M EUR em doze aeronaves A-29N Super Tucano de origem brasileira e respetivo simulador, 75M EUR serão integrados na indústria de Defesa nacional.

Anunciou ainda um investimento de 39M EUR no sistema de proteção antiaérea Rapid Ranger para o Exército.






sábado, 22 de fevereiro de 2025

MINISTRO DA DEFESA VISITA EMBRAER NO BRASIL [M2588 - 12/2025 ]

Comitiva do MDN, militares da FAP e representantes da Embraer em frente o futuro KC-390 da FAP n/c 26903   Foto: MDN

O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, realizou uma visita às instalações da Embraer em Gavião Peixoto, no decorrer da passada semana, que "teve como objetivo o fortalecimento da parceria estratégica luso-brasileira, no domínio da segurança e defesa aeroespacial, com destaque para a OGMA, as aeronaves KC-390 e A-29 Super Tucano que equipam a Força Aérea Portuguesa", segundo pode ler-se nas redes sociais do Ministério da Defesa (MDN).

A visita teve lugar na sequência da 14ª Cimeira Luso Brasileira, para a qual se deslocaram ao Brasil vários elementos do atual Governo.


Fotos: MDN
Nas fotos divulgadas, pode observar-se Nuno Melo a assinar o que se pensa ser o futuro avião multimissão KC-390 n/c 26903 da Força Aérea Portuguesa  (n/s 39000017). Da análise ao estado de construção do aparelho, pode depreender-se que, apesar do avançado estado de montagem, a entrega ainda não estará para breve. Embora inicialmente tenha sido divulgado que as entregas iriam acontecer até ao final do primeiro trimestre em cada ano até 2027, na verdade a calendarização contratual prevê apenas uma entrega anual, sem especificar mais prazos.

Foto: MDN
Em sentido contrário, o plano de pagamentos para a quarta aeronave (n/c 26904 a entregar em 2026) foi adiantado, através de Despacho do MDN de dezembro de 2024, devido à antecipação para novembro de 2024, do cronograma da entrega da etapa contratual «Estação de Montagem Estrutural — AC4», que se encontrava inicialmente prevista para maio de 2025. No mesmo documento pode ler-se que esta operação "permitiu a mitigação das perdas financeiras resultantes da escalada dos índices de revisão de preços provocadas pelas taxas de inflação".

Recordamos que o Estado Português adquiriu cinco aeronaves de transporte multimissão KC-390, (com opção de uma sexta célula adicional), através de contrato assinado em 2019, com entregas previstas ocorrer entre 2023 e 2027.

Comitiva do MDN ao receber miniaturas do KC-390 e A-29 Super Tucano   Foto: MDN
Apesar do A-29 Super Tucano também ser referido no texto que acompanhou as fotos da visita à Embraer, nenhuma imagem foi divulgada destas aeronaves, à parte da miniatura oferecida pela na ocasião. Portugal adquiriu uam dúzia de A-29N por contrato assinado em dezembro de 2024, e cuja entrega está prevista até ao final do corrente ano de 2025.



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

FORÇAS PORTUGUESAS NA RCA EM BLACK HAWK TUNISINOS [M2587 - 11/2025 ]

Militares da 16ª FND na RCA junto ao UH-60M Black Hawk da Tunísia    Foto: EMGFA
 A 16ª Força Nacional Destacada (FND) na República Centro-Africana realizou recentemente um voo de reconhecimento aéreo crucial para avaliar a situação de segurança e a acessibilidade de importantes eixos rodoviários na sua área de operações, divulgou hoje o Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA) em nota de imprensa.

A missão em voo "permitiu obter informações valiosas sobre o terreno e a presença de potenciais ameaças", de acordo com a mesma nota, tendo como principais objetivos:

• avaliar as condições dos itinerários;

• monitorizar as atividades em curso nas aldeias, procurando indícios de movimentos suspeitos ou atividades ilícitas;

• detetar postos de controlo ilegais;

• detetar a presença de grupos armados;

• detetar possíveis zonas de aterragem para operações de evacuação médica, reabastecimento e outras necessidades logísticas.​

À semelhança das FNDs anteriores na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), a 16ª FND teve o apoio de helicópteros de países terceiros, no caso UH-60M Black Hawk tunisinos.




Esta não é aliás, a primeira vez que as forças portuguesas participam em operações combinadas com aeronaves tunisinas, apesar de em ocasiões anteriores terem voado em AB-205 e não nos atuais Black Hawk, destacados em setembro de 2024.

Recordamos que o Ministério da Defesa Nacional tem em curso um programa para apetrechamento do Exército Português com Helicópteros de Apoio, Proteção e Evacuação (HAPE). Todavia, e enquanto não há mais desenvolvimentos, as Forças Nacionais terão que continuar a contar com a colaboração de outras nações para este tipo de missão, uma vez que os EH101 Merlin da Força Aérea Portuguesa parecem nunca ter sido opção para destacar nos teatros africanos, e os Black Hawk recebidos até ao momento em Portugal não podem desempenhar funções operacionais de combate.

Fotos via EMGFA



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

TLP 2025-1 - COM PARTICIPAÇÃO DE F-16 PORTUGUESES [M2586 - 10/2025 ]

"O Curso de Voo TLP 2025-1 teve início na quinta-feira, 23 de janeiro, e terminou na última sexta-feira, 14 de fevereiro, com um novo horário no qual foram acrescentados mais 2 dias de atividade académica ao contrário dos cursos das últimas edições.

O número estimado de participantes do curso gira em torno de 650, dos quais 36 se formaram, incluindo 24 tripulantes, 6 oficiais de inteligência e 6 controladores de tráfego aéreo tático (GCI).

Os voos ocorreram durante a semana de segunda a sexta-feira à tarde, com início na última segunda-feira, 3 de fevereiro, sendo os dias anteriores dedicados à parte académica do curso e missões no simulador MACE.

As nações da Blue Air participantes neste curso de voo contribuíram com 22 aeronaves, entre as quais pudemos destacar o Eurofighter da Aeronáutica Militare, o EF-18 do Exército do Ar e do  Espaço, o Rafale da Armée de l'Air, o F-16 da Força Aérea Grega, o F-18C da Suíça e o F-16 da Força Aérea Portuguesa, sendo esta a sua primeira participação num curso de voo TLP como novo país membro. Do Programa. Quanto à participação do lado adversário (Red Air), contou com um total de 12 aeronaves, sendo as nações participantes a França com aeronaves Rafale, a Espanha com Eurofighter e F-18A, a Suíça com F-18C, e a Grécia e Portugal com F-16.





Para apoiar o curso de voo, estiveram presentes os aviões de controlo aéreo franceses AWACS (E-3F), que desta vez operaram a partir de Albacete, bem como os meios de Comando e Controle (C2) do Exército do Ar e do Espaço Espanhol (EA) durante as missões TLP.

Também digno de nota é a participação da aeronave não tripulada MQ-9 Predator B (NR-05) da EA, bem como de uma aeronave italiana de reconhecimento e inteligência EM 350 (SPIDR), que participou pela primeira vez em missões de voo TLP.

Como ameaça antiaérea, houve a participação de sistemas reais de defesa aérea do Exército e da EA, incluindo os sistemas NASAMS, MALLINA e MISTRAL, bem como a participação do sistema francês de simulação de ameaças ARPEGE, que foi implantado em diversos pontos da área de operações.

Quanto à intervenção de outros meios aéreos, pudemos registar um helicóptero NH 90 espanhol no terreno de La Mancha em missões de resgate aéreo de combate (CSAR) como a BLUE AIR, juntamente com as respectivas equipas de extração, e também dois helicópteros americanos MH-60 do lado RED AIR.

Desta vez contou-se com a colaboração de um avião de transporte tático francês A-400, bem como de um helicóptero do Serviço de Resgate Aéreo (SAR), que estiveram disponíveis na Base Aérea de San Javier durante todo o período de voo das missões programadas do TLP.

Por fim, as instalações do TLP continuaram normalmente utilizando o simulador de voo MACE, que permite aos pilotos treinar não só no ambiente virtual, mas também interagir com aeronaves em missões reais através de protocolos de comunicação avançados (Link 16)."


Texto: Alejandro De Prado Garcia
Fotografia: Créditos nas imagens


sábado, 15 de fevereiro de 2025

Fundación Infante de Orleans [M2585 - 09/2025 ]

 

Há já vários anos que o autor tem feito os mais diversos planos para se deslocar a Cuatro Vientos com o propósito de assistir ao desfile aéreo mensal da Fundación Infante de Orleans (FIO), mas por esta ou aquela razão, foi sempre ficando para as calendas gregas. 

Aconteceu, finalmente, a deslocação a Madrid, no primeiro domingo de Outubro de 2024, um pequeno mas aguerrido grupo de entusiastas de aviação, fizeram-se à estrada e puderam então assistir uma das últimas exibições de voo da FIO do ano. E ainda que a exibição não contemplasse todos os aparelhos da colecção foi, à falta de melhor adjectivo, e parafraseando um súbdito de El Rey de España: en dos palabras, IMPRESSIONANTE!
Dia de casa cheia, com mais de 2500 bilhetes vendidos, o que nem sempre acontece, os primeiros domingos do mês na FIO são mais do que um espectáculo de aviões, são também um dia bem passado pela afición e pelas famílias, muitos são que vão de manta e marmita piqueniqueira, prolongando a sua permanência no recinto para lá do final do evento, na esperança do aliviar do parque de estacionamento. A miudagem, durante todo o evento, diverte-se lançando para o ar os sonhos alados feitos em esferovite ou os paraquedistas de plástico. É vê-los a correr de um lado para o outro… felizes!

A aviação é tão somente isto: felicidade!

Fica aqui um relato que o autor pretende mais de imagens do que palavras.


Fundación Infante de Orleans

Definindo-se como um museu de aviões históricos em voo, as suas origens remontam a 1984, quando foi criada no Aeroclub José Luis Aresti, uma secção de aviões históricos, que em 1989 se constituiu como fundação, por forma a congregar a mais ampla colecção de aviões que ao longo da história da aviação espanhola tenham nela desempenhado um papel significativo. Com uma colecção que actualmente excede os 40 aviões de mais de trinta tipos diferentes, são um conjunto muito representativo de diferentes fases da história aeronáutica espanhola e, mais raro que isso, todas em condições de voo. 

O Infante de Orleans 

Escolhido como patrono denominador da Fundação pelas suas qualidades pessoais, e pela a sua condição de pioneiro da aviação espanhola, piloto militar, reconhecido pelo seu profissionalismo, não faltam adjectivos e apontamentos da história deste membro da família real espanhola dignos de admiração. Foi e continua a ser um exemplo a seguir e constitui por essas razões uma figura emblemática para todos os pilotos, nomeadamente a FIO pela honra de carregar o seu nome.

SAR D. Afonso, María, Francisco, António y Diego de Orleáns y Borbón, nasceu em Madrid a 12 de Novembro de 1886, filho da Infanta D.Eulalia de Borbón y de D. Antonio de Orleáns, a sua ascendência fazem parte diversos reis e rainhas de Espanha. 
A sua história como aeronauta está ligada aos primeiros passos da aviação, tendo recebido o seu brevet (o nº2 da FAI) nos idos de 23 de Outubro de 1910, na Escola Voisin, à altura localizada em Mourmelon (Reims), fazendo a sua aprendizagem num Antoinette.

Desde então e, abreviando uma longa e interessantíssima história, esteve sempre ligado à aviação militar. Participou nas campanhas em Marrocos, onde teve lugar o seu baptismo de fogo, nas campanhas de guerra do Riffe e em Yebala. Em Cuatro Vientos na escola de aviação militar foi aluno e mais tarde piloto instrutor, à época foi pioneiro da técnica de bombardeamento aéreo, cursou técnica de navegação aérea em altitude na Suiça, cursou em Inglaterra técnicas de caça e também de instructor, contribuindo sempre com os conhecimentos e experiência adquiridos, no estrangeiro e também no campo de batalha,  para o desenvolvimento da aviação militar espanhola. 

Colecção

A coleccão de mais de 40 aviões da FIO não é só uma colecção de aviões antigos, todos eles com histórias individuais interessantes, é sobretudo uma colecção de raridades, sendo que para o autor o que as tornam ainda mais raras é o facto de estarem em estado de voo.

Do mais antigo De Havilland DH-30 Gipsy Moth (1926), passando por algumas jóias com o Policarpov Po-2, Compter Swift, Focke Wulf 44, o Polikarpov I-16 Mosca,  British Eagle 2, vários Bücker Jungmann, Miles Falcon, Beechcraft 18, North American T-6, Stinson L-5 Sentinel, DHC1 Chipmunk, Beechcraft T-34A Mentor, AISA I-115, Dornier Do27, e tantos outros como um impecável Super Saeta, que muitos de nós tivemos a oportunidade de ver voar em Bragança em 2023.


De malas aviadas…

Sopram ventos de mudança em Cuatro Vientos, já que foi anunciada, pouco tempo depois da nossa visita, a muito desejada mudança de instalações, para um espaço novo, desenhado de propósito para o efeito de albergar a FIO. Esta dentro de poucos anos para Getafe, um projecto que irá permitir num futuro próximo (2026?), mostrar a colecção em permanência, e receber a afición num espaço mais amplo, para ver voar estes Pássaros da História, não só de Espanha como do Mundo. 

Lá terei eu de voltar a Madrid…

Tomaram nota? Todos os primeiros domingos de cada mês. 



Um dia farrusco, com muito vento a puxar chuva, condicionou 
a exibição a oito dos previstos dezanove aparelhos no ar.

Piper J-3C-65 Cub (s/n12965)

Stinson L-5E Sentinel (s/n 76-3822)

Miles Falcon Six M3.C (s/n 231) 


Polikarpov Po-2 (s/n80518, exF-AZPN)

 Bücker 133 Jungmeister (s/n1023)

Dornier Do27B-1 (s/n129)

British Aircraft Manufacturing Eagle 2 (s/n 138)

Fantástico lineup com o Beech18, o T-6 e o T-34 Mentor

British Aircraft Manufacturing Eagle 2 (s/n 138)

A primeira exibição aérea do dia esteve a cargo da parelha 
Dornier Do27B-1 - Slingsby T45 Swallow..

NA T-6G (s/n 197-200)

Beechcraft T-34A Mentor (s/n X-100) 

Beech 18 (s/nAF-752)

 Bücker 133 Jungmeister (s/n1023)

CASA 1.131E Jungmann

Boeing A75N1 Stearman (s/n75-8089, exArgentina, exUSAAF)

Consolidated Fleet Model 2 (s/n324)















Criada muita expectativa para quela que seria a primeira exibição da primeira "wingwalker” 
condições de tempo não serem as mais faforáveis.


E cá está, a aviação é tão somente isto: felicidade!

Os últimos resistentes ainda de volta do repasto.



Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de Aviação

Nota: Por opção própria, o autor não escreve sob o atual acordo ortográfico.

Lista das aeronaves observadas no Aerotranstornados nº68.



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