segunda-feira, 14 de abril de 2025

EXERCÍCIO BAMBARI 25 DE APRONTAMENTO PARA A RCA [M2603 - 27/2025 ]

AW119 Koala da Esquadra 552 - Zangões da FAP no exercício Bambari 25 do Exército

Entre os dias 7 e 11 de abril de 2025, o Exército Português realizou o Exercício BAMBARI 25 no Campo Militar de Santa Margarida, como parte da preparação da 17.ª Força Nacional Destacada (17.ª FND) que será projetada para a República Centro-Africana (RCA). Esta força será integrada como Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force – QRF) na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA).



A 17.ª FND será composta por 213 militares, dos quais 201 participaram nesta fase de aprontamento. A força é comandada pelo Tenente-Coronel Rui Borges e tem como núcleo central o 2.º Batalhão de Infantaria Paraquedista (2.º BIPara), ao qual se juntam vários módulos especializados:

Módulo Pandur, com viaturas blindadas PANDUR II com Remote Weapon Station (RWS);

Módulo de Manutenção, assegurando o apoio técnico e logístico;

Módulo Sanitário, preparado para resposta médica em ambiente operacional;

Equipa de Route Clearance (EOD), especializada em deteção e neutralização de engenhos explosivos improvisados (IEDs);

Equipa mini-UAV, operando o sistema Raven, uma aeronave não tripulada de pequenas dimensões que permite missões de vigilância, reconhecimento, regulação de fogos e avaliação de danos de combate (Battle Damage Assessment).

Equipa TACP (Tactical Air Control Party) da Força Aérea Portuguesa, encarregue de coordenar o apoio aéreo próximo e comunicações com plataformas aéreas, reforçando a interoperabilidade entre ramos e a capacidade de resposta conjunta.



Durante cinco dias de intensa atividade, os militares realizaram uma série de manobras táticas e técnicas desenhadas para replicar ao máximo as condições operacionais que enfrentarão na RCA.

Foram conduzidos vários incidentes simulados com base em situações reais vividas pelas FNDs anteriores no Teatro de Operações. As manobras incluíram:

Reações a emboscadas;

Proteção de civis e zonas críticas;

Evacuação de feridos em ambiente hostil;

Operações de patrulhamento e interdição de áreas;

Outras.

O exercício teve como principal foco a prontidão operacional em ambiente hostil, e permitiu testar procedimentos, reforçar a disciplina operacional e treinar a tomada de decisões em cenários de elevada pressão — elementos-chave para assegurar a eficácia de uma força QRF num ambiente de alto risco.

Live Fire com helicópteros e armamento pesado

Um dos pontos altos foi a realização de Live Fire Exercises (LFX), que incluíram cenários realistas de combate com fogo real, reforçando a eficácia dos procedimentos e a confiança nas armas e equipamentos utilizados.


Neste exercício houve a integração de um helicóptero AW119 Koala da Esquadra 552 "Zangões" da Força Aérea Portuguesa, que foi utilizado como plataforma para o heli shooting. Esta capacidade permitiu aos militares designados para funções de Top Cover (cobertura aérea próxima a forças em progressão no terreno) treinar disparos em voo com armas ligeiras, em coordenação com elementos terrestres — um cenário que poderá ter aplicação direta em missões reais na RCA.


Além disso, houve treino com diversos sistemas de armas utilizados em teatros de operações reais:

Carl-Gustav - uma arma de apoio direto, eficaz contra posições fortificadas ou veículos;

LAW (Light Anti-Tank Weapon) — armamento portátil de uso individual, ideal para operações rápidas e ligeiras;

Metralhadora pesada Browning M2 montada numa viatura PANDUR II com RWS (Remote Weapon Station), idêntica às que já operam na RCA, testando a integração de sensores, precisão e comando remoto.


Portugal e a MINUSCA: um compromisso contínuo com a paz

A participação de Portugal na MINUSCA representa um compromisso sólido e duradouro com as Nações Unidas e os seus esforços de estabilização em contextos de conflito. Desde 2017, as Forças Armadas Portuguesas têm mantido uma presença rotativa na RCA e os seus militares têm vindo a ser reconhecidos pela sua disciplina, capacidade de resposta e eficácia, características especialmente valorizadas numa força QRF, que pode ser chamada a intervir em situações críticas a qualquer momento.

Através da projeção de forças bem treinadas, altamente móveis e disciplinadas, Portugal contribui ativamente para a proteção de civis, o restabelecimento da ordem pública e o apoio à construção da paz num dos países mais instáveis do continente africano. Este envolvimento reforça não só o prestígio de Portugal no seio das Nações Unidas, como evidencia a sua capacidade de cumprir compromissos internacionais em missões de elevada exigência.

O sucesso do Exercício BAMBARI 25 confirma a capacidade expedicionária do Exército Português e a excelência dos seus paraquedistas, prontos para atuar num dos teatros de operações mais exigentes do mundo. A simulação com fogo real, o treino com helicópteros e a articulação entre ramos das Forças Armadas mostram que Portugal está, mais uma vez, preparado para cumprir a sua missão em nome da paz e da segurança internacional.


Texto e fotos: Santiago Anacleto

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