SU-33 - Imagem via Wikimedia Commons
Nota prévia: Este conto é obra de ficção e foi escrito em 2013. Qualquer semelhança com factos, pessoas ou situações é mera coincidência.
Ler Parte I
Algures sobre o Ártico (continuação)
Cavaleiros dos tempos modernos, os pilotos de caça controlavam equipamento de grande poder destrutivo. Tal facto fazia do seu treino um processo longo e penoso, de onde apenas os melhores emergiam para a vida operacional. No entanto continuavam a ser tão humanos como os civis que haviam jurado defender. E o ser humano é um animal sinistro.
Subitamente um dos Su-33 saiu da formação, curvando para a direita, descrevendo um arco que o fez dar meia volta, passando a mil metros da asa do Gripen de Paulo. Ativara o seu radar em modo militar, varrendo ambos os caças da OTAN, procurando ângulos de ataque. Provavelmente estaria só a testar a paciência dos portugueses, a ver se cediam.
E provavelmente Paulo não estaria num dos seus dias. Em vez de manter a cabeça fria, como seria o seu dever, empurrou instintivamente o manípulo de controlo da velocidade para diante, puxado por algum instinto ancestral. Acelerou furiosamente enquanto torcia o nariz da aeronave para a direita, descrevendo uma curva violenta que quase colocou o Gripen de cabeça para baixo. Passou a uma distância nada razoável da barriga do caça russo.
Quando a dor no peito suavizou, e a visão se afastou do estreito túnel a que os nove Gs de carga de gravidade a haviam sujeitado, o jovem piloto procurou o seu adversário contra o céu que clareava rapidamente. Viu o Su-33 a curvar para cima, num arco suave, o piloto russo provavelmente a tentar perceber o que se passara. O radar continuava em modo militar e avisos sonoros ecoavam dentro do capacete de Paulo. Colocou também o seu radar em modo de combate, iluminando o Flanker com o poder de baixa frequência do potente sensor.
O adversário reagiu curvando para a sua direita, apontando o nariz para o mar, numa descida veloz dos céus ainda salpicados de cintilantes estrelas. Para Paulo não havia dúvidas, o russo queria um combate. E um combate teria.
As aeronaves ainda seguiam a velocidades relativamente baixas, pelo que o russo decidiu usar as capacidades de manobra impressionantes do seu caça nesse tipo de confrontos.
Ato contínuo, o Su-33 deixou a asa esquerda pender para baixo e, já a voar de lado, curvou violentamente para trás, desaparecendo do lado esquerdo do Gripen que entretanto descera atrás de si. Incapaz de acreditar nas forças de gravidade a que aquele russo se sujeitara Paulo obrigou-se a agir, ou o bandido ficaria em posição de disparar. Curvou para a direita, inclinando o avião de modo a fazer um arco apertado, numa manobra bem mais suave do que a efetuada pelo seu adversário. Apanhou-o a curvar na sua direção.
Algo primordial ainda se movia dentro dele, algo tão antigo como o Homem e que sabia ser uma parte integral do seu ser. Era como se fosse um cão de caça a quem o dono soltara a trela, besta arcana aos comandos de uma máquina avançada. Não fora treinado durante tantos anos para acabar os seus dias atrás de uma secretária. Iria mostrar o tipo de homem que realmente era.
Um caçador!
Ignorando as ordens cuspidas por Pires, Paulo lançou-se na direção do Su-33. O russo apercebeu-se da manobra e estabilizou a aeronave, sem, no entanto, deixar de voar de lado. Os dois caças cruzaram-se a quinhentos quilómetros por hora, o rugido dos motores de jacto no seu encalço. Paulo conseguiu prever o que ia suceder a seguir. Não queria entrar num confronto de agilidade com o russo. Embora ambos os aviões estivessem mais ou menos ao mesmo nível o risco era demasiado elevado. E ainda não conseguira perceber o quão bom era aquele adversário ao certo.
Subitamente um dos Su-33 saiu da formação, curvando para a direita, descrevendo um arco que o fez dar meia volta, passando a mil metros da asa do Gripen de Paulo. Ativara o seu radar em modo militar, varrendo ambos os caças da OTAN, procurando ângulos de ataque. Provavelmente estaria só a testar a paciência dos portugueses, a ver se cediam.
E provavelmente Paulo não estaria num dos seus dias. Em vez de manter a cabeça fria, como seria o seu dever, empurrou instintivamente o manípulo de controlo da velocidade para diante, puxado por algum instinto ancestral. Acelerou furiosamente enquanto torcia o nariz da aeronave para a direita, descrevendo uma curva violenta que quase colocou o Gripen de cabeça para baixo. Passou a uma distância nada razoável da barriga do caça russo.
Quando a dor no peito suavizou, e a visão se afastou do estreito túnel a que os nove Gs de carga de gravidade a haviam sujeitado, o jovem piloto procurou o seu adversário contra o céu que clareava rapidamente. Viu o Su-33 a curvar para cima, num arco suave, o piloto russo provavelmente a tentar perceber o que se passara. O radar continuava em modo militar e avisos sonoros ecoavam dentro do capacete de Paulo. Colocou também o seu radar em modo de combate, iluminando o Flanker com o poder de baixa frequência do potente sensor.
O adversário reagiu curvando para a sua direita, apontando o nariz para o mar, numa descida veloz dos céus ainda salpicados de cintilantes estrelas. Para Paulo não havia dúvidas, o russo queria um combate. E um combate teria.
As aeronaves ainda seguiam a velocidades relativamente baixas, pelo que o russo decidiu usar as capacidades de manobra impressionantes do seu caça nesse tipo de confrontos.
Ato contínuo, o Su-33 deixou a asa esquerda pender para baixo e, já a voar de lado, curvou violentamente para trás, desaparecendo do lado esquerdo do Gripen que entretanto descera atrás de si. Incapaz de acreditar nas forças de gravidade a que aquele russo se sujeitara Paulo obrigou-se a agir, ou o bandido ficaria em posição de disparar. Curvou para a direita, inclinando o avião de modo a fazer um arco apertado, numa manobra bem mais suave do que a efetuada pelo seu adversário. Apanhou-o a curvar na sua direção.
Algo primordial ainda se movia dentro dele, algo tão antigo como o Homem e que sabia ser uma parte integral do seu ser. Era como se fosse um cão de caça a quem o dono soltara a trela, besta arcana aos comandos de uma máquina avançada. Não fora treinado durante tantos anos para acabar os seus dias atrás de uma secretária. Iria mostrar o tipo de homem que realmente era.
Um caçador!
Ignorando as ordens cuspidas por Pires, Paulo lançou-se na direção do Su-33. O russo apercebeu-se da manobra e estabilizou a aeronave, sem, no entanto, deixar de voar de lado. Os dois caças cruzaram-se a quinhentos quilómetros por hora, o rugido dos motores de jacto no seu encalço. Paulo conseguiu prever o que ia suceder a seguir. Não queria entrar num confronto de agilidade com o russo. Embora ambos os aviões estivessem mais ou menos ao mesmo nível o risco era demasiado elevado. E ainda não conseguira perceber o quão bom era aquele adversário ao certo.
Gripen - Imagem via Wikimedia Commons
O Gripen estava equipado com dois mísseis de busca térmica AIM-9L, armas mais antigas do que a própria aeronave e de capacidades limitadas. Mas isso era um facto que não o preocupava muito. Queria mesmo era encontrar um ângulo para usar o canhão de 27 milímetros montado sob o nariz. Isso sim seria algo digno de nota!
Puxou a manche de controlo para si e fez o nariz do Gripen subir, lançando o caça na direção das estrelas. Manteve-o assim por uns instantes e depois cortou alguma potência ao motor. O caça caiu para trás, como se fizesse um salto mortal. O nariz pendeu para baixo e agora Paulo caía a pique, de cabeça para baixo.
Endireitou o avião e procurou o russo. Ele também já endireitara a sua aeronave e voava numa direção perpendicular à sua. Paulo deixou-o passar diante do seu nariz e depois curvou para esquerda.
Voando agora na direção do Sol nascente Paulo avaliou a sua situação. O Su-33 estava um pouco mais abaixo da sua posição e perfeitamente à sua frente.
Tinha-o na mira!
E então lembrou-se de que tinha as armas ativadas. O homem a bordo daquele caça devia estar a suar em bica agora! O indicador de Paulo dançou descuidadamente diante do gatilho.
Seria tão fácil…
- Rocha! O que pensa que está a fazer? – A voz de Pires conseguiu finalmente alcançar a consciência de Paulo.
- Estava só a gozar, capitão.
Subitamente consciente da realidade da situação Paulo deixou a adrenalina escoar-se e levou uma mão ao painel de instrumentos para desligar as armas. Depois afastou-se, deixando o caça russo seguir a sua trajetória. Procurou o outro Gripen, uma forma cinzenta contra o céu cada vez mais claro. Em poucos instantes a sua aeronave estava na sua devida posição atrás do avião do capitão. Entretanto os russos reuniram-se e voaram para longe.
- Aqueles já não voltam tão depressa! – Paulo sabia que estava acabado, que ia enfrentar a justiça pelo que fizera, mas não conseguia afastar a exaltação do momento.
- Qual foi a tua ideia? Estás interessado em começar uma guerra ou assim?
- Não, meu capitão.
- És burro, então? Que raio te passou pela cabeça?
- Só… Só quero mostrar do que sou capaz.
- Depois disto quero ver é se vais alguma vez voltar a pilotar um caça da República Portuguesa! Mal cheguemos à base voltas para casa!
Obviamente que Paulo se sentia desgostoso. Fizera asneira, e fora bem grave. Mas, por uma vez, sentira o verdadeiro combate. E descobrira que, para ele, uma vez não chegaria…
Fim
Ligação à página do autor, para mais trabalhos, aqui.
1 Comentários:
Rafale F-4 ou Eurofigther Tranche-4 embora o gripen seja de facto uma bela aeronave alem do motor US tem muitos avionicos made in USA penso que o futuro sera 12 a 14 eurocanards e 12 a 14 F-35 ...o futuro o dira!
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